GONÇALO FELIX: “SENTI QUE TINHA ALI UMA FAMÍLIA DISPOSTA A TUDO”

GONÇALO FELIX: “SENTI QUE TINHA ALI UMA FAMÍLIA DISPOSTA A TUDO”

23 Novembro, 2022

Depois da descida em 2021 o GD Chaves está de volta à principal divisão do Futebol de Praia nacional. Gonçalo Felix foi o timoneiro da equipa que também conquistou o título no Campeonato Nacional.

Em exclusivo ao Futebol de Praia Portugal o treinador da equipa flaviense abordou a época do GD Chaves e também, um pouco, do futuro da formação transmontana.

Futebol de Praia Portugal: Depois de um ano na Divisão Nacional qual foi o segredo, ou segredos, para o regresso à Elite num curto espaço de tempo?
Gonçalo Felix: A experiência que fomos adquirindo no futebol de praia ao longo dos anos deu-nos a bagagem necessária para trabalhar o presente com vista ao futuro. O principal segredo foi aproveitar aquilo que temos e unir esforços, temos condições e infraestruturas para trabalhar, um clube e um município que apoiam a modalidade, jovens que gostam da modalidade e com uma vontade enorme de crescer, então agarramos nos nossos jovens, juntamos alguma experiência e trabalhamos diariamente.

FPP: Em alguma altura, da temporada, sentiu que as coisas não iam correr bem?
GF: Não, em momento algum. Desde o primeiro dia de trabalho que senti que tinha ali uma família disposta a tudo, com o mesmo pensamento, com a mesma dedicação desde os atletas aos diretores, equipa medica, treinadores e quando assim é só podes acreditar que vai correr bem.

FPP: Como foi liderar um grupo de jogadores experientes e jogadores jovens?
GF: Tínhamos na equipa jogadores internacionais que já estiveram nos melhores palcos do mundo no futebol de praia, com uma experiência ímpar e por outro lado tínhamos jogadores que estavam a dar os primeiros passos na areia isso poderia criar um desequilíbrio na equipa, mas facilmente perceberam que todos eram importantes e nesse sentido os atletas mais experientes contribuíram para o crescimento dos atletas mais jovens. Sabíamos que não podíamos deixar ninguém para trás, partimos juntos e era juntos que tínhamos de chegar e foi assim que aconteceu.

FPP: A aposta para esta 2023 será nos jovens jogadores ou em alguns nomes internacionais como já aconteceu?
GF: Queremos ser uma referência na formação de novos atletas em Portugal, poderemos ter um ou outro reforço importante, mas não nos vamos desviar das nossas linhas orientadoras.

FPP: Depois da descida de divisão como conseguiram “convencer” os jogadores experientes a permanecer no plantel?
GF: Posso dizer que tivemos os jogadores que quisemos desde o primeiro dia, já fazem parte da nossa família, sabem que o nosso projeto é um projeto sério, duradouro e credível e demostraram sempre a sua vontade em jogar pelo Chaves. Recusamos jogadores internacionais, excelentes atletas, mas que não se enquadravam no nosso projeto.

FPP: Em relação à Divisão Nacional, sentiram alguma diferença em relação à competitividade do passado?
GF: Sem dúvida, há uma grande evolução da modalidade em Portugal, há muitos bons jovens jogadores, há equipas no nacional que já trabalham com seriedade como uma equipa de elite, o que torna a divisão nacional mais competitiva e isso ajuda ainda mais ao crescimento e melhoramento das equipas.

FPP: Como treinador como foi, pessoalmente, viver esta experiência?
GF: Foi sem dúvida uma experiência muito gratificante, poder passar todos os meus conhecimentos, retribuir à modalidade e ao meu clube tudo aquilo que me deram, partilhar e aprender com o grupo a cada dia de treino, a cada momento de jogo. Sentir que o grupo acreditava no nosso trabalho fez com que fossemos cada vez mais exigentes com nós próprios numa melhoria constante quer nos processos de treino quer na gestão do valor humano de cada um.

FPP: Como vê o desenvolvimento e crescimento da modalidade em Portugal e também a nível mundial?
GF: O futebol de praia em Portugal tem tido uma evolução fantástica nos últimos 10 anos, temos cada vez mais equipas e atletas a praticar a modalidade e a evoluir, a curto prazo penso que Portugal será o maior exportador de atletas e treinadores do mundo. Cabe também a nós que temos alguma responsabilidade na modalidade fazer parte desse crescimento promovendo e investindo na formação de novos valores. A criação de seleções regionais pode ser um grande passo nesse sentido.

No mundo há cada vez mais países a seguir os modelos competitivos de Portugal, alargando as suas ligas. Hoje em dia os atletas têm de fazer as suas escolhas e não podem jogar duas ou três ligas ao mesmo tempo e a curto prazo vamos deixar de ver 4 ou 5 jogadores serem campeões em 4 ou 5 ligas ao mesmo tempo, isso abre a porta a novos valores. É importe a curto prazo a criação de competições internacionais de Sub-21 e até Sub-23.

Fotos: FPF