“REPRESENTAR A MINHA EQUIPA QUE TÃO BEM ME ACOLHEU FOI MARAVILHOSO”

“REPRESENTAR A MINHA EQUIPA QUE TÃO BEM ME ACOLHEU FOI MARAVILHOSO”

30 Setembro, 2020

Foi campeã na última edição da Euro Winners CUP, em equipas femininas, pela formação da BSC Mriya 2006, da Ucrânia. Mariana Filipa, natural de Vieira de Leiria, começou no Futebol 11 mas é a jogar Futebol de Praia que se tem destacado. Já defendeu as cores do Sporting CP e da ACD “O Sótão”.

A jogadora portuguesa esteve à conversa com o Futebol de Praia Portugal, onde nos explicou o que sentiu ao erguer a Taça após a conquista europeia. Conciliar o Futebol 11 com o Futebol de Praia não é fácil mas tudo se torna possível quando se faz o que realmente se gosta. Mariana acredita que no futuro próximo esta modalidade irá crescer para as equipas femininas.

FPP: Como é que o Futebol de Praia entrou na tua vida?
MF: A primeira experiência foi num torneio de Verão na Praia do Pedrógão em 2004. As minhas amigas fizeram uma equipa e convidaram-me, na altura nem tinha idade suficiente para jogar mas participei na mesma e ganhámos! Depois houve torneio em mais dois verões e acabou. Até que em 2018 soube que o Sporting CP ia ter captações e fui tentar a minha sorte.

FPP: Com que idade começaste?
MF: Comecei a jogar Futebol de Praia aos 26 anos numa competição oficial mas aos 12 anos iniciei no Futebol 11.

FPP: O que te motivou e motiva a jogar Futebol de Praia?
MF: Adoro praia e adoro futebol. Juntar os dois é o melhor de dois mundos! Mas o facto de o Futebol Praia ser mais artístico, teres mais toques em habilidade é o que me fascina mais. Na areia ou tens técnica ou é muito difícil fazeres a diferença. Além que jogar com música, e teres aquela música típica sempre que rematas é especial.

FPP: Sendo tu de Leiria o que significou jogar pela ACD “O Sótão”?
MF: Jogar no Sótão foi muito especial para além de estar a jogar praticamente em casa. Voltei a jogar com várias jogadoras que são da minha geração e isso não tem preço. Foi uma experiência muito gratificante e espero que se volte a repetir. Quero ganhar um título pelo Sótão!

FPP: Na última Euro Winners CUP jogaste pela formação da BSC Mriya 2006. Como surgiu esse convite?
MF: O convite surgiu da minha amiga Myroslava Vypasniak (jogadora e diretora do Mriya). Falou comigo para saber como estavam as coisas em Portugal e se eu ia participar. Disse-lhe que a situação felizmente estava controlada e que queria jogar mas que não tinha nada certo. Assim que disse que ainda não tinha equipa ela convidou-me e explicou-me o projeto. Aguardei a confirmação que a equipa portuguesa com quem inicialmente ia participar não o iria fazer e disse que sim!

FPP: Na tua opinião o que sentiste a jogar por uma equipa “desconhecida”?
MF: Senti-me bem! Nunca tinha jogado com nenhuma das jogadoras e só tinha defrontado a Myroslava Vypasniak. Mas foi uma ótima experiência, embora ao início não tenha jogado tanto tempo como estava habituada quando entrei as coisas correram muito bem e ao longo do torneio o entrosamento foi dando frutos. E como me receberam muitíssimo bem senti-me logo integrada.

FPP: Em termos individuais como te correram os jogos?
MF: Individualmente o primeiro jogo foi o melhor. Entrei a meio do segundo tempo, toquei 2 vezes na bola e fiz o 3-2, para a minha equipa, tive a sorte comigo e isso deu-me confiança para aproveitar ao máximo o tempo em campo. O segundo jogo, contra a equipa russa, foi muito tático, mas felizmente consegui fazer a assistência para o empate. Os outros jogos já joguei mais e felizmente as coisas correram bem!

FPP: Foram campeãs e levantaste a Taça. Podes explicar como aconteceu esse momento e como te sentiste ao representar a equipa?
MF: É um sonho tornado realidade! Sempre acreditei que era possível e trabalhámos para tal, mas estávamos dependentes do último jogo. Era difícil as russas empatarem ou perderem mas aconteceu e somos campeãs! Foi épico porque a equipa estava a caminho do aeroporto e eu fiquei na Nazaré à espera do resultado do jogo. E pelo sim pelo não, meti o equipamento na mala para ir buscar a taça e aconteceu. Assim que ouvi a buzina do jogo liguei logo para elas e festejamos à distância.

FPP: E a entrega da Taça…
Fiquei muitíssimo feliz! Quando o Madjer me ligou a dizer para ir para o Estádio porque a minha equipa era campeã é que comecei mesmo a acreditar. Ter ido receber o prémio foi um orgulho. Representar a minha equipa que tão bem me acolheu foi maravilhoso. Gostava muito que elas estivessem a viver o momento comigo. Fiz questão de entrar com a bandeira da Ucrânia aos ombros por respeito e admiração à equipa.

FPP: O que esperas do Futebol de Praia (feminino) em Portugal e mesmo a nível mundial?
MF: Em Portugal espero que em 2021 tenhamos Campeonato Nacional e Seleção Nacional. Temos jogadoras com muita qualidade e acredito que havendo competição vamos conseguir conquistas importantes. Necessitamos de isso para a modalidade crescer.

FPP: Qual achas que devia ser o próximo passo?
MF: Na minha opinião é criação de um campeonato. É preciso haver competição para atrair atletas para modalidade.

FPP: Também jogas Futebol 11. Como consegues conciliar os treinos com o Futebol de Praia?
MF: Bem organizado tudo é possível! O facto de viver muito próximo da praia permite treinar sempre que não tenho treinos. Mas quando se aproxima a competição faço só dois treinos de Futebol 11 por semana.

FPP: Como conseguiste manter o ritmo de treino e a forma física em confinamento?
MF: Tenho a sorte de viver a 100 metros do pinhal, o que me permitiu sair para correr com os meus cães quase todos os dias sem estar em contacto com outras pessoas. Criei também uma caixa de areia no jardim para treinar com bola. E como já estou habituada a treinar sozinha foi uma maneira de não sentir tanto a pressão do confinamento.